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Conversas sobre Cidades à Frente: O Diálogo Hemisférico sobre Resiliência e Adaptação Climática

O Diálogo Hemisférico sobre Resiliência e Adaptação Climática, um precursor do Congresso Mundial do ICLEI 2024, desempenhou um papel fundamental no programa Cidades à Frente. Ele ofereceu uma plataforma para troca de conhecimento e melhores práticas para enfrentar os desafios climáticos e aumentar a resiliência urbana. Esse evento foi realizado em São Paulo, Brasil, em 18 de junho de 2024, refletindo o esforço coletivo para enfrentar os problemas urbanos e promover conexões entre as cidades participantes.

O programa Cidades à Frente, uma iniciativa conjunta que envolve o Departamento de Estado dos EUA, três escritórios regionais e nacionais do ICLEI-Governos Locais pela Sustentabilidade, Resilient Cities Catalyst e o Instituto das Américas, concentra-se na interação entre pares, na capacitação e no engajamento diplomático para enfrentar os desafios urbanos em torno da sustentabilidade, inclusão e resiliência. Este programa tem como objetivo capacitar as cidades da América Latina e do Caribe (LAC) a construir um futuro sustentável, inclusivo e resiliente por meio da troca de conhecimentos com as cidades dos EUA.

O Diálogo, facilitado por palestrantes de alto nível, destacou a necessidade de colaboração entre setores para lidar com as mudanças climáticas e a sustentabilidade. Ele reconheceu o papel crucial dos líderes das cidades no enfrentamento de desafios como as mudanças climáticas e a migração. A principal conclusão foi a necessidade de ambição, realismo e otimismo para melhorar a vida das comunidades locais.

Painel 1: Perspectivas Para a Resiliência Urbana: Reflorestamento, Corredores Verdes e Soluções Baseadas na Natureza

Palestrantes:

O primeiro painel foi liderado por indivíduos com uma variedade de conhecimentos em ciência ambiental e soluções climáticas, que enfatizaram o papel crucial da reflorestação, corredores verdes e soluções baseadas na natureza para aumentar a resiliência urbana. Cristina Romcy destacou a importância dos corredores verdes, afirmando, “A relevância dos corredores verdes é conectar espaços que foram fragmentados por meio de um canal de conexão para promover uma expansão da cobertura verde.” O diálogo forneceu aprendizados sobre a ligação entre natureza e cidades, enfatizando a necessidade de monitorar sua interação. Ele sublinhou o papel das soluções baseadas na natureza (NbS) na mitigação de desastres e na melhoria da qualidade de vida urbana. A importância da participação da comunidade nas NbS também foi discutida.

Martin Perez Lara estendeu essa conversa, enfatizando, “A natureza é essencial dentro e fora da cidade,” e “Não é a única solução, mas faz parte de um conjunto de soluções, tem que acontecer dentro e fora das cidades.” Estudos de caso de cidades como Renca, Bogotá e Cartagena demonstraram a implementação das NbS e desafios como o desmatamento e a escassez de água. O painel afirmou a importância de monitorar o sucesso das NbS e a necessidade de educação e engajamento da comunidade para promover uma cultura urbana de NbS.

Palestrantes respondem às perguntas do público. Da esquerda para a direita: Candelaria Mas Pohmajevic, Francisco Alberto Castillo Gonzale, Cristina Romcy, Martin Camilo Perez Lara e Emilio Vargas.

Painel 2: Riscos de Habitação e Adaptação Baseada em Ecossistemas

Palestrantes:

  • Hugo Mesquita, Diretor de Projetos URBEM (Instituto de Urbanismo e Estudos para a Metrópole)
  • Mariana Nicolletti, Diretora de Adaptação Climática e Gerenciamento de Riscos, Fundação Getulio Vargas
  • Pablo López, Especialista em Desenvolvimento Urbano, CAF
  • Alejandra Bolio Rojas, Chefe do Setor da Unidade de Meio Ambiente, Mérida, México
  • Mauricio Mira Pontón, Diretor do Departamento Administrativo de Gestão Ambiental, Cali, Colômbia
  • Lucía Groos, Diretora do Centro de Pesquisa e Inovação Social, TECHO Argentina

No segundo painel, especialistas nas áreas de planejamento urbano, adaptação climática e gestão de riscos compartilharam suas percepções e experiências. Eles examinaram o desafio significativo dos riscos habitacionais e enfatizaram a necessidade de adaptação baseada no ecossistema em ambientes urbanos. Mariana Nicolletti enfatizou a importância do pensamento avançado, afirmando: “A infraestrutura tem que ser pensada para os eventos climáticos atuais, mas também para os eventos climáticos futuros”. A discussão destacou a necessidade de medidas proativas, envolvimento da comunidade e soluções inovadoras. Palestrantes ressaltaram a importância de entender as percepções da comunidade sobre riscos e trabalhar proativamente para gerar soluções habitacionais que respondam às mudanças climáticas.

A necessidade de projetos integrados de desenvolvimento urbano e a produção em massa de soluções habitacionais foi enfatizada. A conversa também focou na necessidade de ação preventiva e implementação institucional na gestão de riscos de desastres. A importância da restauração do ecossistema, da conscientização e do empoderamento das comunidades para implementar soluções também foi discutida.

Palestrantes da segunda sessão. Da esquerda para a direita: Mauricio Mira Pontón, Alejandra Bolio Rojas, Mariana Nicolletti, Hugo Mesquita, Lucía Groos, Rocio Fimbres e Pablo López.

Painel 3: Criando Resiliência para Infraestrutura Hídrica Crítica

Palestrantes:

  • Atha Phillips, RLA, LEED AP, Consultora Sênior de Políticas da Cidade de Austin
  • Ravinder Bhalla, Prefeito de Hoboken, Nova Jersey
  • Luciana Lobo, Secretária de Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza
  • Ruth Moncayo, Diretora de Operação e Manutenção da Companhia Municipal de Água de Ambato, Equador
  • Tamoy Sinclair, Coordenador Paroquial de Preparação para Desastres da Corporação Municipal de Saint James
  • Chevonia McBride, Gerente de Projetos Sênior da Grand Bahama, Freeport

O terceiro painel foi liderado por palestrantes com diversas experiências em política e serviço público, que coletivamente focaram a discussão na importância da resiliência na infraestrutura crítica de água. A conversa destacou as estratégias de cidades como Austin, Hoboken e Fortaleza. Austin está investigando a viabilidade de aquíferos mais antigos e novos métodos de engenharia para mitigar a seca e os intensos padrões de chuva. Hoboken, severamente impactada pela supertempestade Sandy, implementou um programa abrangente de gestão de inundações, incluindo a criação de parques de resiliência e barreiras integradas de proteção contra inundações.

O prefeito Ravinder Bhalla afirmou: “A supertempestade Sandy foi um desastre para Hoboken em termos de inundações e uma violação da cidade do Norte e do Sul por meio de surtos costeiros. Ele acrescentou que “a ideia não é perturbar a qualidade de vida dos residentes, mas melhorar sua qualidade de vida através de parques e outras melhorias, bem como proteger contra as mudanças climáticas.” Fortaleza tem focado na criação de micro-parques e parques lineares em áreas vulneráveis, enfatizando o uso de áreas úmidas como uma solução baseada na natureza para inundações e tratamento de água

O prefeito de Hoboken, Ravi Bhalla, abordou o fortalecimento da resiliência da infraestrutura hídrica de sua cidade.

Painel 4: Aproveitamento da Tecnologia e Inovação para Adaptação ao Clima

Palestrantes:

  • Jeb Brugmann, Diretor Fundador, Resilient Cities Catalyst
  • Olayinka Lawal, Gerente de Parcerias Estratégicas, Google
  • Virginia Burkett, Cientista Chefe de Mudanças Climáticas e de Uso da Terra, Serviço Geológico dos EUA
  • Embaixadora Nina Hachigian, Representante Especial dos EUA para Diplomacia de Cidades e Estados
  • Arquiteto José Carrillo, Diretor Geral, IMPLAN
  • Silvina Di Nucci, Engenheira Ambiental da Prefeitura de Rosário
  • Antonio Ademir Stroski, Secretário de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Mudanças Climáticas, Prefeitura de Manaus

O quarto e último painel focou no tema crítico da colaboração entre setores para enfrentar as mudanças climáticas e a sustentabilidade. Olayinka Lawal, Gerente de Parcerias Estratégicas no escritório do Google em São Paulo, enfatizou a importância da vegetação urbana, declarando, “Quanto mais árvores temos, mais temos áreas de resfriamento para reduzir o custo das fontes de energia de resfriamento e permitir que as comunidades tenham uma qualidade de ar melhorada e melhores condições de saúde a longo prazo.” A experiência combinada deles em planejamento de resiliência, parcerias estratégicas e ciência climática alimentou uma discussão provocativa sobre como a tecnologia e a inovação podem ser aproveitadas para a adaptação climática. Jeb Brugmann, Diretor Fundador do Resilient Cities Catalyst, destacou o papel da tecnologia, afirmando, “A tecnologia está evoluindo rapidamente para nos ajudar a fazer essas avaliações quando alguns anos atrás não tínhamos acesso a avaliações de risco climático em nível de projeto.”

O painel destacou o papel do reflorestamento, corredores verdes e soluções baseadas na natureza para melhorar a resiliência urbana e mitigar o efeito de ilhas de calor. O uso de aplicações geoespaciais para redução de risco de desastres e a importância do monitoramento de mudanças ambientais também foram discutidos. Estudos de caso incluíram iniciativas do Google para reduzir as emissões de carbono e esforços de planejamento urbano em Austin e Houston usando dados de cobertura de árvores.

Olayinka Lawal, Gerente de Parcerias Estratégicas do Google, apresentou o programa Environment Insights Explorer do Google.

Conclusão

O Diálogo Hemisférico sobre Resiliência e Adaptação Climática enfatizou a importância dos esforços colaborativos entre cidades, setores e níveis variados de governo na abordagem das mudanças climáticas e da sustentabilidade. O Diálogo destacou o papel vital dos líderes das cidades na implementação de soluções práticas para questões urgentes, como mudanças climáticas, migração e desastres naturais. As discussões ressaltaram a necessidade de ambição, otimismo e realismo para melhorar a qualidade de vida nas comunidades. Os tópicos discutidos durante os painéis variaram de reflorestamento, corredores verdes e soluções baseadas na natureza para a resiliência urbana a riscos de moradia, infraestrutura essencial de água e o potencial da tecnologia e da inovação na adaptação climática. Os aprendizados dessas discussões contribuirão significativamente para os esforços contínuos do programa Cidades à Frente para capacitar as cidades da América Latina e do Caribe a construir um futuro sustentável, equitativo e resiliente.

Membros da equipe Cidades à Frente durante a recepção de boas-vindas ao Diálogo Hemisférico sobre Resiliência e Adaptação.

Sobre o autor

Caio Pereira

Originário do Brasil, Caio tem uma formação profissional diversificada com foco em gerenciamento de projetos, pesquisa e redação técnica nos setores de desenvolvimento internacional e sustentabilidade climática. Ela trabalhou com organizações como Global Americans, The Brookings Institution e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, liderando projetos, gerenciando equipes e conduzindo pesquisas. Fluente em inglês e português, é bacharel em Ciência Política pela Colorado State University e mestre em Desenvolvimento Internacional pela University of Denver.

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